Arranque #1
Escrito em Fev./2013
Acordei como se algo estivesse quebrado, funcionando de forma capenga a ponto de incomodar. Uma tecla emperrada sem efeito ou um programa que continua rodando sem finalizar, tampouco funcionar. Uma sensação de tesão contínuo e estranho, como se eu não tivesse gozado. Bom, na verdade eu não gozei, e talvez tenha parado nesse estado e permanecido a noite toda. Talvez seja por isso que meus sonhos foram tão intensos.
Teve a ver com você.
Essa coisa quebrada em mim tem um claro motivo: mais uma vez eu idealizei. Eu cobri a situação de flores, mas por fora vesti aquele moletom velho de quem diz “está tudo bem, faz do jeito que quiser”.
Ok, isso não é justo comigo. Eu mostrei que comigo o programa é diferente. Não sei como ele costuma ser para você, mas eu quis uma interação um pouco mais longa antes de vir para casa. Eu queria que “vir para casa” existisse, claro. Mas foi frustrante.
De volta a você. Minha frustração diz que o problema é você. Que eu idealizei e percebi que… hm. Será que você não é tão maravilhoso assim? E eu mais uma vez tentei me convencer de que tá bom, a gente lida, manda o mais-ou-menos pra cá, eu não to fazendo nada mesmo? E eu to com mais um D. na lista, talvez um D. mais sofisticado, com mais bom-senso e mais censor das viagens de ego?
Eu não quero/preciso/desejo/mereço/tolero mais um D. em casa. Eu quero um pouco mais de peso na boca do estômago, que não seja de insegurança. Que não seja de medo de você não querer vir. Que não seja aquela corda bamba constante do “e agora, como alguém vai me decepcionar?” Eu queria ter sentido no beijo umas estrelinhas caindo. Eu queria ter notado no sexo uma mão no meu rosto. Olha eu aqui me conformando de novo com a mãozinha na perna.
Continuo quebrada, um nó na garganta, umas lágrimas saindo-parando-caindo em tempestade. Talvez hoje seja um dia difícil. Mas, vamos dar o crédito a quem merece: pelo menos eu escrevi. E esse mérito, sem dúvida, é seu.