Deus me dê cinco centímetros pra eu poder dobrar lençol
Meu apelido na infância era "Aninha", e "Aninha Moser" era como meu pediatra me chamava após fazer todas as medições anuais.
— Pode botar no vôlei, que essa vai ficar alta. Pelo menos a 1,75m ela chega!
De fato, sempre fui uma das crianças a ficar no fim da fila. Claro, nunca fui a última: depois de mim sempre teve a Lara, a Carla D., a Carla S. e a Josely.
Teve a vez que uma mulher foi reclamar que eu tava muito grandona pra brincar na piscina infantil do clube. Quando perguntei quantos anos ela achava que eu tinha, ela me deu 13. Eu tinha nove.
Com 11, lembro de chorar no parquinho do Shopping Eldorado porque era alta demais pra entrar naqueles labirintos de rede. Podia ter passado na altura, mas a maturidade deixava bem claro que eu era uma meninona.
Parei nos 1,635 (eu faço questão de colocar cada milésimo na conta) depois de ficar mocinha com quase 12 anos. Fiquei do tamanho da minha mãe, e não do meu pai, que nem é um homem imenso. Imenso era meu avô Mário, parecia que tinha três andares de altura. Dos ombros dele, eu via o sítio inteiro.
Quando me perguntam o que eu mudaria em mim, respondo sem pestanejar que a altura. Eu nem sou o que consideram "baixinha", mas seria tão bom alcançar mais patamares, não precisar pular pra regar minhas plantas altas, e poder dobrar lençol sem arrastar uma parte no chão…