Mentes que ruminam

Bia Bonduki
2 min readJan 19, 2018

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Imagina a seguinte situação hipotética: hoje, você conseguiu adiantar tudo o que precisava fazer, todas aquelas tarefinhas chatas tipo “moldar a carne moída em forma de hambúrguer para congelar” e “guardar as roupas recolhidas do varal”, então você decide que pode tirar uma soneca antes de voltar a trabalhar.

Você se deita em sua cama, bota o timer pra te acordar em 20 minutos e, portanto, não pegar no sono mais profundo, fecha os olhos e… Lembra daquele story que você publicou no Instagram em julho/2017, e em como você devia ter colocado uma legenda nele, e pensa na legenda, e aí fica na dúvida se o verbo da legenda é no pretérito perfeito ou se aquilo é gerúndio, e quando vê o timer já está apitando e você não dormiu.

Outro dia eu estava no banho, cumprindo o perrengue semanal de raspar as pernas, e decidindo como meu filho iria se chamar se fosse homem. Eu não pretendo ter filhos, mas vai que eu me arrependa, pelo menos o nome masculino está escolhido.

Tem noites em que tudo o que você precisa é pegar no sono bem cedo, porque vai acordar quase que de madrugada no dia seguinte, e sua cabeça resolve vestir uma roupa de rumbeira e ficar te lembrando daquela briga que você teve na faculdade — que inclusive já foi resolvida e é capaz da outra pessoa envolvida nem lembrar que ela aconteceu. Aí você pensa “vou meditar” e quando vê está lembrando de como era meditar quando você fazia ioga em 2010.

Eu não sabia, mas isso se chama ruminação mental. E faz 10 dias que, graças a uma substância chamada Quetiapina, eu parei de tê-la tão frequentemente, ou pelo menos perto da hora de dormir. Eu não consigo expressar meu contentamento de forma fiel, parece que eu só notei como minha cabeça não parava um segundo de pensar em bobagem até que ela, de fato, parou. Que alívio.

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