Eu Penso Muito Nisso – Saudosas covinhas 18k de Ma$e

Esta é uma cópia descarada de uma das minhas seções favoritas do The Cut, I Think About This a Lot.

Bia Bonduki
3 min readJul 19, 2017

É tão bom quando seus pensamentos deixam de envolver frases do tipo “não vai dar tempo”, “vai vencer e eu não tenho como pagar”, “prometo que é a última vez” e “foda-se, tá tudo na merda mesmo”. A vida no interior tirou de mim algumas preocupações — não todas — e deu espaço para que novos pensamentos adentrassem a minha cabeça. Um deles é: que saudade eu tenho do cantor Ma$e.

Pra quem não lembra, Mase (eu não vou escrever o tempo todo com o $ estilizado, que eu não sou idiota), nascido Mason Durell Betha, era o que chamamos aqui na roça de “o menino do Puff Daddy”. Não é filho, nem de sangue, nem de criação — é mais um protégée, com a diferença disso não existir pras bandas de cá. Ao invés de botar na escola boa e empregar como boy da firma de contabilidade, Sean Combs foi além e contratou o garoto que recém-abandonara a faculdade, onde tinha uma bolsa de esportes, pra cantar com a galera dele na Bad Boy Records.

Aí, em 1997–98, o menino bombou: tocava em todo lugar. Lembro de comprar o single de “Mo Money Mo Problems”, do Notorious B.I.G., e lá estar o tal do Mase, perguntando who’s hot who’s not, ao lado de papai Puff — que nessa época ainda estava bem na transição entre “aquele cara lá que fica botando fé na música dos outros” e “o mala de brinco de diamante com um ego do tamanho de Plutão”. Depois, lá veio Mase ao lado de Mariah Carey, em “Honey”, também produzido e atestado por P. Diddy, como uma forma de dizer “ok, pega o carro do pai pra você sentir como é, quando você tiver idade eu te dou um igual”.

“Meu pai que me deu a blusa”

E assim foi: em outubro de 1997 ele lançou “Feel So Good” e, em janeiro de 1998, a romântica “What You Want”. Na maioria das músicas, ele dava um jeito de agradecer seu mentor, ora dizendo que ele tinha o swag, mas a grana vinha mesmo da carteira de papai:

Do Mase got the ladies?
Do Puff drive Mercedes?
Take hits from the 80's?
But do it sound so crazy?
(Feel So Good)

Ora humildemente assumindo ter passado por um Dia de Princesa:

I was Murda
P. Diddy made me pretty
Did it for the money, now can you get with me?
(Looking At Me)

Porra, o cara assumia mesmo que era um zé ruela:

Mase ain’t the one that’ll pay for your phone (Mase ain’t the one)
Mase be the one that’ll take you home (that’s right)
Even though I’m not the one that gave you the stone (yeah)
On your days alone I can make you moan
(Only You)

…porém sempre lembrando que: bom de cama, hehe.

Em 1999, ele desapareceu. Nunca mais se ouviu falar, mas uma procura na Wikipedia diz que ele deixou de lado essa vida de piroca de fora e foi atender a um chamado do Altíssimo. Deus, no caso (“Podia ser eu, oras!” grita Combs em alguma cobertura em Manhattan). Virou pastor, voltou a fazer faculdade, aceitou o emprego de boy do contador. Voltou em 2004 com um papo de bad boy gone clean, lançou disco, diz até que vendeu bem. Mas em 2004 a gente já tinha Nelly, 50 Cent, Jay Z como botador de fé oficial de outros cantores, então ninguém notou.

Uma pena. O menino Mason (trivia: sua irmã se chama Stason) foi uma das boas diversões dos anos 90 que, embora ameaçasse constantemente “I thought I told you that we won’t stop”, não cumpriu a promessa e ficou lá no século passado.

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