Anotações sobre o exercício da dança

Bia Bonduki
3 min readMay 20, 2021

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Claro que eu ia usar essa imagem.
  • Mais uma vez me olhei em foto e não gostei do que vi: parecia um Bob Esponja gótico. Quando não gosto do que vejo, costumo planejar mudanças de forma consistente e alcançável, então voltei a usar um aplicativo de exercícios e tirei proveito da atual situação, que é estar "morando" no interior do interior, numa casa de campo, onde as atividades físicas são possíveis e a compulsão alimentar não me pega.
  • Primeiramente, meu plano tinha dias certos de treinos, mas à primeira má-notícia que chegou até mim e bagunçou o itinerário, decidi deixar a programação mais solta.
  • Lembrei de uma amiga me falando que o médico dela recomendou que, na pandemia, ela dançasse por pelo menos 15 minutos, pra se sentir ativa e menos coisada na cabeça. A pandemia atrapalhou justamente o meu retorno ao balé, e talvez essa seja, junto com o cancelamento do show do Wu-Tang Clan, uma das minhas maiores frustrações desse último ano e meio.
Po, eu tava curtindo.
  • Depois de alguns dias fazendo séries de 30 segundos de cada exercício e saindo para caminhar em dias alternados, achei melhor incluir a dança nesse rol, pra sentir como era.
  • Criei playlists dançantes para me ajudar. No primeiro dia, teve Reggaeton e Hip-Hop, ambos ótimos para os quadris. No segundo dia, juntei todos os axés, pagodes e sambas de roda cujas coreografias bombaram no fim dos anos 90, as quais eu sei de cor até hoje, mostrando que a gente ocupa espaço na nossa mente com o que for mais adequado. Hoje entendo a forma física das dançarinas da época, o exercício é pesado. No terceiro — e melhor — dia, quis tradição e escolhi Madonna. Confesso que fui etarista e preferi os clássicos até Hung Up, mais ou menos. O bom de ter feito essa escolha foi:

1 — Poder recriar uma aula de jazz aquecendo ao som de Lucky Star, com aqueles passinhos, e La Isla Bonita, aquecendo as juntas.

2 — Fazer uso da varanda à minha frente para exercitar a showwomanship que me acompanha desde que eu era criança e queria me chamar Jacqueline e apresentar um programa, usando a garrafinha de água como microfone quando tocou Papa Don't Preach.

3 — Encerrar com Like a Prayer tendo em mente aquela frase cheugy que diz "dance como se ninguém estivesse olhando". Realmente faz diferença dançar sem carregar uns sentimentos de perseguição e paranoia.

  • Tenho feito aproximadamente 45 minutos de dança, pelo menos uma vez por semana. Nos outros dias vario com alongamento, hiit, caminhada ou até mesmo trocar exercícios pelo acompanhamento da CPI da Covid, o que considero isometria.
  • Termino a sessão com um humor melhor do que quando comecei, e mais inspirada. Nesses dias, fica mais fácil escrever. Não tenho tido a menor vontade de ficar beliscando porcaria entre refeições, mas nada contra se rolar. Observo que, dançando, a ansiedade passa um pouco e isso reflete na forma como me alimento.

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Bia Bonduki
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